quinta-feira, outubro 26, 2006

Contra-fluxo

Não sei como chamam aqui em Portugal mas é o sentido oposto da maioria. Lá em Sampa quando a gente vai do centro pra periferia na hora do rush matinal diz-se estar em "contra-fluxo".
Hoje pela manhã descobri que, por um motivo ou outro, estou no contra-fluxo.
Assim que desci do metrô na estação Entre Campos (caminhando para a plataforma do trem para Sintra) tive esta nítida impressão: estava no sentido oposto a todos. Todos vinham num corredor e, quando percebi, o corredor vazio e no sentido oposto a todos era o meu corredor.

Caminhei pensando "Será que só estes segundos do meu dia eu vou estar no contra fluxo?". Após estes infinitos segundos de caminhada, meditação e frio (muito frio) eu descobri que aquilo era só uma materialização de tudo que me ronda e que é abstrato.

Filosofar não é pra qualquer um e eu faço juz a afirmação da filósofa Verônica (minha irma querida): "Marcelo, você é muito atirado".

Minha filosofia de hoje era de levantar tudo que tenho no contra-fluxo (não só aquele corredorzinho). O que eu tenho feito o contrário do que realmente deveria para atingir meus objetivos?? Quais corredores no contra-fluxo eu pego na vida social, no financeiro, no lado afetivo? Quais?

Aí me lembrei novamente do contra-fluxo lá em Sampa - aquele da hora do hush. Naquele contra-fluxo as pessoas são felizes por chegarem rápido bem no horário em que todos demoram a chegar nos seus objetivos.

Descobri então que agir no contra-fluxo, embora seja algo fora do esperado (e até pouco clichê) pode ser um caminho mais curto pra felicidade.

Consegui levantar vários tópicos que me fazem ter certeza que estou no contra-fluxo da vida, mas tenho certeza que eles podem parecer evazivos agora, mas são os caminhos certos.

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